sábado, 11 de setembro de 2010

ESTRATÉGIAS INTERNAS

4. Estratégias internas

Dedique alguns segundos para soletrar a palavra "estratégia".
Como você fez? Faça de novo e note seu olhar, para onde vai quando soletra? Se não notar, peça para alguém soletrar uma palavra qualquer e observe seus olhos. Todas as pessoas a quem fiz essa pergunta dizem essencialmente o mesmo: "eu faço internamente uma imagem da palavra e leio as letras".
Agora imagine uma criança em um ambiente escuro e tranqüilo, mas ela está sentindo medo. De onde vem seu medo? É claro que só pode vir de algum processamento interno acontecendo na criança. Talvez ela esteja imaginando um monstro grande e feio, que a olha com hostilidade.
Um outro exemplo interessante é o do ciúme. Certamente há pessoas que sentem ciúme de forma injustificada. O que ela deve fazer internamente para isto? Uma possibilidade simplificada, ocorrida com o nosso personagem Alguém, que percebe que o outro não chega como esperado:
      Alguém imagina ele ou ela fazendo coisas bem agradáveis com outra pessoa.
      Alguém lembra experiências ou fatos que sustentam a veracidade das imagens.
      Alguém reage com emoção intensa (única consciente).
      Alguém ouve uma voz interna dizendo: "Você é um corno!", o que dispara a construção de imagens do outro fazendo coisas com outra pessoa...
Neste momento Alguém entrou em um círculo ou laço, já que a última etapa conduziu à primeira, e continuará a sentir ciúme até que esse processo seja interrompido por algum fato novo.
Soletração, medo e ciúme são exemplos de como combinamos e organizamos os processos internos. Uma seqüência desses comportamentos internos é chamada estratégia interna. Uma estratégia interna, vista em um nível detalhado, consiste de uma combinação de operações baseadas nos processos básicos em cada modalidade. Por exemplo, na estratégia do ciúme um passo é construir uma imagem interna envolvendo a outra pessoa, outra é dizer algo para si mesmo.
No próximo exemplo foi aplicada uma estratégia de decisão.
      Alguém, no trabalho, se abaixa e escuta um som inesperado, proveniente da região superior traseira das pernas.
      Alguém reconhece o som como da calça que rasgou.
      Alguém leva a mão à calça e comprova sua suposição.
      Alguém imagina que outras pessoas vão vê-lo assim, pensar várias coisas a seu respeito e que vai sentir-se muito mal se isto ocorrer.
      Alguém identifica possíveis alternativas de solução para continuar trabalhando: cobrir o local, ir para o banheiro, pedir agulha e linha para aquela colega que ele sabe que tem quase tudo na bolsa.
      Alguém escolhe a última alternativa como mais viável para continuar trabalhando.
      Alguém consegue a agulha e a linha e vai ao banheiro costurar a calça.
Nessa situação, Alguém usou para decisão uma estratégia envolvendo avaliação da situação atual, elaboração de alternativas e avaliação de cada uma frente ao objetivo prioritário de continuar trabalhando.
Outro exemplo de estratégia interna, muito útil e usada, é a segmentação. Por exemplo, faça de conta que você vai fazer uma viagem de 2000 quilômetros pelas praias do nordeste do Brasil. Provavelmente (e se você fez de conta direitinho), você já começou a segmentar, a pensar em que praias vai parar. Se você for ao supermercado para fazer compras para dois meses, e já que pegar tudo de uma vez parece impossível, vai estruturar internamente um roteiro de forma a passar por cada seção. A segmentação também é parte de outras estratégias: a soletração inclui a segmentação da palavra em letras antes da pronúncia.
Podemos ter estratégias internas de vários tipos, para várias finalidades: levantar da cama de manhã, escolha de pratos em restaurantes, escolha de como descansar, de amigos e companheiros e em geral, para tomada de decisão, aprendizagem, criação e motivação. Para sentir medo, como você viu no exemplo acima, é preciso usar uma estratégia interna, que inclui gerar imagens que parecem reais. 
Também para acreditar que algo é possível há uma estratégia interna de avaliação: a pessoa pode julgar que é possível quando já fez anteriormente, ou pode acreditar que é possível para ela se for possível para outra pessoa, ou ainda, julga possível quando consegue se imaginar fazendo.
Até para ser "louco" é preciso fazer algo internamente de maneira consistente. Bandler (1987) diz:
"O que percebi foi que as pessoas funcionam perfeitamente bem. Talvez eu não goste do que elas fazem, e tampouco elas, mas conseguem repetir o seu comportamento de maneira sistemática. Isto não quer dizer que sejam desequilibrados, apenas que fazem alguma coisa diferente do que nós, ou que elas gostariam que fizessem.
Se você é capaz de criar imagens nítidas dentro da sua mente - sobretudo se consegue projetá-las externamente - poderá transformar-se num engenheiro civil ou num psicótico. Há mais recompensas financeiras para o engenheiro do que para o psicótico, mas este é bem mais divertido. Tudo que as pessoas fazem tem uma estrutura, e se você descobrir que estrutura é essa, poderá saber como mudá-la."

Atividade 22 - Formatação de imagens
Experimente brincar com uma imagem simples, como um círculo ou outro objeto geométrico, fazendo coisas como abaixo. Procure o que é mais fácil para você.
a)   Colorir
b)   Girar
c)   Afastar e aproximar
d)   Deslocar horizontalmente e verticalmente.
e)   Torcer
Atividade 23 - Estratégias internas
Será que você tem mesmo estratégias internas? Faça a si mesmo perguntas do tipo "Como é que eu consigo...? ou "O que é que eu tenho que fazer para..." nas situações abaixo.
a)   Entender a expressão "prazer gustativo".
b)   Entender a expressão "prazer gustativo imenso".
c)   Informar qual foi o fim de semana de que mais gostou dos últimos dois.
d)   Ficar ansioso quanto tem que entregar um trabalho ou tarefa e o prazo parece curtíssimo.
e)   Decidir o que fazer se eu lhe pedir um copo d'água.
Atividade 24 - Estratégia de memorização de números
a)  Memorize em 15 segundos o número abaixo, usando alguma estratégia interna, somente:
392781243
b)  Agora memorize o mesmo número, sabendo que há um padrão: os números constituem potências de 3, de 1 até 5, dispostas em seqüência: 31, 32, 33, 34, 35.
Se você não tem memória fotográfica, a segunda estratégia deve ter sido mais fácil. Note como a estratégia adotada pode fazer a diferença entre "fácil" e "difícil".
Eficiência das estratégias
Estratégias internas concebem os comportamentos inteligentes, isto é, que vão conduzir do estado atual ao pretendido. Assim como estratégias em geral, estratégias internas podem ser mais ou menos eficientes, mais ou menos ricas em opções. No processamento interno de Alguém, no exemplo acima, mudanças no que acontece podem mudar o que sente. Por exemplo, se não existir a voz interna, talvez ele tenha simplesmente uma emoção passageira, uma possibilidade desprezada. Se o que ele imagina é que a pessoa não chegou por causa do trânsito, não sentirá ciúme absolutamente. E se pensar nas duas possibilidades, terá talvez que esperar o outro chegar para obter mais informações antes de decidir.
Uma criança disse que não gostava de ir a um certo restaurante de comida por quilo. Disse que era porque "tinha muitas coisas". Podemos entender agora que essa criança não tinha uma estratégia interna de decisão apropriada para escolher diante de muitas opções.
Talvez você já tenha visto ou ouvido falar de pessoas que fazem operações matemáticas complexas "de cabeça" ou que jogam xadrez sem olhar para o tabuleiro. Se alguém dispõe de uma estratégia interna eficiente para obter algum resultado, ela o obtém sem necessidade de recursos externos. Nas palavras dos criadores da PNL (Dilts et al.,1980)
"Se aprender ou enfrentar  vem para você com facilidade ou dificuldade, ou se é rápido ou trabalhoso para você, isto é determinado pela estrutura formal provida pelas suas estratégias"
"Um fato particular é de nenhuma utilidade para nós a menos que possamos processá-lo através de uma estratégia para atingir algum resultado"

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