sábado, 11 de setembro de 2010

ESTRATÉGIAS INTERNAS E O CORPO


8.  Estratégias internas e o corpo

É comum falarmos em "corpo" e "mente". Qual será exatamente a relação entre esses dois componentes? Alguns termos e frases comuns indicam que intuímos essa relação, embora talvez sem saber precisamente como aplicar essa informação para algo prático. Por exemplo: "Mens sana in corpore sano", "doenças psicossomáticas", "úlcera nervosa". Em todas está expressa a idéia de que algo que acontece na mente afeta o corpo. Vamos ver a seguir vários exemplos para esclarecer melhor essa relação. Para facilitar, faça as atividades seguintes.
Atividade 34 - Água na boca
Feche os olhos e imagine-se comendo o que mais gosta. Se se vir como que assistindo a um filme, entre no filme e veja tudo como se estivesse acontecendo agora. O que você está vendo e sentindo? Permita-se sentir o máximo de prazer que puder. Repare se houve algum impacto na sua salivação.
Atividade 35 - Afirmação
Pense em um objetivo qualquer que tenha no momento. Pode ser os que escolheu na atividade no início do texto. Diga em voz alta a afirmação "É possível! Sou capaz! Eu mereço!" enquanto faz o seguinte (observe as diferenças em si mesmo entre cada situação):
a)   Sentado, jogue o quadril à frente e a cabeça para trás e use um tom de voz bem lento e desanimado.
b)   Em pé, com o mesmo tom de voz que o anterior.
c)   Em pé, encaixe os quadris, jogue os ombros para trás, punhos fechados com uma certa tensão, usando um tom de voz decidido e firme.
d)   Na mesma posição e tom de voz anteriores, acrescente algumas imagens de você no futuro próximo, tendo atingido com sucesso o objetivo e já na fase de estar curtindo, usufruindo o resultado.
Atividade 36 - Interjeições
Primeiro, leia a historinha abaixo.
Alguém andava distraidamente pelo quintal de sua casa quando percebeu o filho do vizinho em um canto. "A-há!". Percebeu que fumava escondido e hostilmente fez: "Óóóóóó!". O meninho saiu correndo e Alguém viu, consternado, que ele pisara nas flores recém-surgidas. Lamentou: "Oh!". Entrou na casa e, ao cruzar com sua esposa, esta lhe deu uns beijos e beliscou sem bumbum. Ele fez, marotamente e com um risinho: "Óóóóó!" Foi então à geladeira e viu que tinha o seu doce preferido entre os preferidos. E soltou um "Yeesssss!" enfático. Colocou um pouco do doce em um prato, sentou-se, comeu o primeiro pedaço e saborosamente exclamou: "Hmmmmmm!".
Agora, reveja as cenas e "vivencie" o que Alguém diz em cada situação; imagine que a situação está realmente acontecendo. Procure notar as mudanças e diferenças em seu corpo a cada exclamação.
Pistas de acesso
Como você deve ter percebido, é mais fácil verificar a interação entre corpo e mente do que explicar porque e como isto ocorre. E de fato não precisamos saber disto, precisamos saber como usar esta integração para obtermos os resultados que queremos. Mais do que conhecer a verdade, nossa abordagem busca a utilidade.
O fato é que o que pensamos pode provocar mudanças perceptíveis no corpo. O inverso é verdadeiro: mudanças no corpo provocam mudanças nas representações mentais. E o que pensamos pode provocar emoções, que afetam o corpo.
Foi descoberta uma interessante e útil relação entre os processos internos e o movimento dos olhos.  Esses processos, como vimos, estão relacionados aos sentidos: vemos, ouvimos, sentimos e falamos com nós mesmos  (diálogo interno). Ao visualizar internamente, podemos estar lembrando ou construindo imagens, o mesmo ocorrendo com os sons. Um dos recursos mais usados em PNL é a relação entre os processos internos de uma pessoa e o movimento dos olhos. A indicação externa do que estamos fazendo é a posição dos olhos. Tipicamente, ao construirmos imagens, movemos os olhos para o alto, à direita. Ao captar uma sensação, tipicamente olhamos para baixo, à direita. Veja na figura a posição dos olhos correspondente a cada tipo de acesso. (AR - auditivo recordado; VC - visual construído; C - cinestésico ou sensação, às vezes representado por K, e assim por diante). Estas posições correspondem ao padrão de aproximadamente 90% das pessoas, e nas demais aparecem invertidos lateralmente.

Os movimentos oculares e outros, chamados pistas de acesso, são usados por exemplo para se detectar o que uma pessoa está fazendo e no que ela está prestando atenção, ou seja, as estratégias internas que ela está aplicando. Podem ser usadas também para induzir o uso de certas estratégias e não de outras. Por exemplo, na parte criativa de uma tarefa, posso olhar para cima à direita. Sobre isto, veja o que dizem Dilts e Epstein (1999):
"(...) experimentar essas pistas não nos fará automaticamente começar a ver fantasias em technicolor. O nosso sistema nervoso não é uma máquina e as pistas de acesso não são simples gatilhos causa-efeito. Ajustar a nossa pista de acesso pode ser comparado ao que fazemos quando estamos sintonizando um canal na televisão. A imagem na tela não vem realmente de dentro da televisão. A imagem é transmitida de algum outro lugar. Ao sintonizarmos um canal, podemos escolher as imagens e os sons que estão sendo transmitidos. As pistas de acesso funcionam de maneira semelhante. Elas ajudam a pessoa a sintonizar quaisquer representações mentais que estejam ativas. Da mesma maneira como ocorre com a televisão, descobrimos que se o sinal transmitido for fraco ou distante, talvez não seja possível captá-lo independentemente das nossas tentativas para ajustar os botões. Contudo, se morarmos próximo a uma torre de transmissão ou satélite a precisão da sintonização é menos essencial"
Atividade 37 - Pistas visuais de acesso
Para verificar os padrões de relação entre os processos internos e os movimentos dos olhos, peça para alguém responder às perguntas abaixo e observe seus olhos.
      Visual recordado - De que cor é a porta da frente da sua casa ou seu apartamento? De que cor são os olhos da sua mãe? Qual a altura do edifício onde você mora?
      Visual construído - Como você se pareceria, do meu ponto de vista? Como você ficaria de cabelo roxo? Em um mapa de cabeça para baixo, em que direção ficaria o Sul?
      Auditivo recordado - Qual é o seu tipo preferido de música? Como seria sua voz debaixo d'água? Qual seria o som de uma serra elétrica cortando uma chapa de aço?
      Auditivo construído - Você consegue ouvir um papagaio dizendo seu nome carinhosamente no seu ouvido direito? E no esquerdo? Como é apertar uma tecla de um piano e ouvir um latido?
      Cinestésico - Qual é a sensação da água no seu corpo quando você nada? Como é a sensação de apertar o dedo na porta? Como é o pelo de um gato? Qual de suas mãos neste momento tem mais sensações?
      Diálogo interno (auditivo digital) - Em que tom de voz você diz algo a si mesmo quando verifica que fez um bom trabalho? O que diz para si mesmo quando algo dá errado? Quando fala consigo mesmo, de onde vem o som?
Atividade 38 - Praticando a interação corpo-mente
Experimente o seguinte e observe as diferenças no seu organismo:
a)   Abra a boca como se estivesse sorrindo.
b)   Faça de conta que está gargalhando.
c)   Tomar uma decisão sentado e "jogado" na cadeira;
d)   Tomar uma decisão de pé, em postura de "força" e "disposição";
e)   Assuma uma postura de "raiva".
Atividade 39 - Observação
Você já viu um cachorro latir? Ele late com todo o corpo, desde a cabeça até o rabo, tudo se movimenta. Como exercício, saia por aí com a intenção de observar a integração corpo/mente de pessoas e animais. Você pode perguntar: "E aí, animado?", e comparar a resposta verbal com a não verbal.
Atividade 40 - Expiração de limpeza
Um exercício de "limpeza" do Ioga consiste em expirar forte, associado a movimentos corporais. Faça o seguinte, enquanto observa as diferenças:
a)   De pé, solte o ar normalmente pela boca;
b)   Solte o ar com força pela boca;
c)   Encaixe os quadris, estenda os braços à frente, feche os punhos com força, mova devagar os punhos em direção ao peito enquanto abre os cotovelos e expire forte pela boca, enquanto estende os braços rapidamente à frente.

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