Os sites de relacionamento como ferramenta de seleção de candidatos
Contratação de pessoas por redes sociais
Estes dias, num dos grupos de Recursos Humanos em que participo, em face da garota inglesa que foi demitida por falar mal da empresa no Facebook, surgiu uma discussão sadia sobre a utilização de sites de relacionamento como Orkut, Facebook, My Space, entre outras comunidades virtuais como base para contratação de funcionários.
Alguns concordavam com a técnica, pois alegavam que “se é público é para ser visto” e que pelo fato de ser um espaço onde os candidatos postam suas mensagens e criam comunidades diversas desprovidos de defesa, a ferramenta pode conter dados para auxiliar na identificação da personalidade dos candidatos.
Havia também aqueles que não concordavam com a sua utilização para esta finalidade, pois classificava a atitude como invasão de privacidade.
Respeito a opinião dos que se colocaram a favor, mas não poderia deixar de me posicionar. Penso que por mais que o conteúdo seja de domínio público, um perfil esteja desprovido de defesa ou que algum conteúdo confiável necessário para processos seletivos, visto ser um espaço informal e de diversão –, além de que o espaço do outro deve ser respeitado.
Quem abre um perfil pessoal não o faz com a finalidade de ser avaliado profissionalmente. Existem comunidades mais focadas na construção de relações profissionais e networking como o Via6, Linkedin, entre outras e podem mostrar como o indivíduo é verdadeiramente neste âmbito.
Há outras ferramentas bem mais fidedignas no mercado para se avaliar as competências comportamentais e técnicas de um candidato, citando algumas: Entrevista por Competências, DISC, PI, Dinâmicas de grupo, Testes projetivos e por aí vai.
Se utilizar deste método, a meu ver é desvalorizar-se enquanto profissional, bem como, toda uma classe – a de Recursos Humanos. É ser simplista demais na seleção de um profissional.
O ser humano é muito mais complexo e subjetivo, não dá para colocá-lo em uma caixa. Acho muito vago, em se tratando do ser humano, acreditar que se uma pessoa tem uma comunidade com uma definição “estranha” – do ponto de vista do empregador - que represente necessariamente o que ele pensa. Conforme citação de Freud “Às vezes um charuto é só um charuto”. Há que se tomar cuidado para não rotular.
Hoje existem inúmeros perfis falsos, crackers que invadem os computadores e podem inclusive alterar perfis das comunidades. E como dizer se aquele conteúdo foi postado pelo candidato?
É até irônico, pois, ao mesmo tempo em que a internet nos dá a liberdade de ampliar nossas relações, conhecer pessoas do outro lado do mundo, situação antes jamais imaginada, nos expõe a julgamentos muitas vezes injustos.
Sabemos que qualquer mudança é gradativa e sempre haverá alguém a utilizar-se destes métodos, então, aos internautas, digo que a exposição é inevitável, assim, aconselho-os a tomar cuidado com as comunidades que adicionam nos perfis e com as mensagens postadas, afinal, faz parte do Marketing Pessoal que extrapola o âmbito profissional.
Em contrapartida, o bom senso tem que partir dos profissionais de Recursos Humanos, de buscar ferramentas e métodos fundamentados cientificamente que realmente produzam resultados assertivos, o que valoriza os processos seletivos, as empresas e a área de RH.
(*) Este texto poderá ser usado em outros veículos desde que se mantenha a autoria e a forma de contato. O tema deste artigo poderá ser adaptado para projetos in-company de palestras e/ou treinamentos. Para solicitá-lo acesse www.trainingpeople.com.br
Luciano Amato
Pós-graduado em Psicologia Organizacional pela UMESP e Graduado em Psicologia pela UNIMARCO. Atua desde 1990 na área de Recursos Humanos, em subsistemas como Recrutamento & Seleção, Treinamento, Qualidade, Avaliação de Desempenho e Segurança do Trabalho.
Desempenhou papéis fundamentais em empresas como: Di Cicco Indústria e Comércio, Laboratório Delboni Auriemo, Wal Mart do Brasil, Compugraf Telecomunicações, Mestra Segurança do Trabalho.
Participou da Seleção de Programas de Trainee em empresas como ABN AMRO Bank, Arcelor Mittal e Saint Gobain pela Across Recursos Humanos.
Atualmente é Diretor da TRAINING PEOPLE , empresa especializada em Treinamentos e Palestras Gerenciais, Comportamentais e de Segurança do Trabalho e Diagnóstico Organizacional..
Coordena 3 grupos de Recursos Humanos GRETHES, Instante RH e Gestão por Competências com base no Yahoo!, que visam facilitar a troca espontânea, networking e a multiplicação do conhecimento quanto às práticas de Recursos Humanos em encontros presenciais periódicos.
É Vice-Presidente da AAPSA, responsável pelo GSET– Grupo de Seleção e Treinamento. e Treinamento, Condutores do Amanhã, GPD – Gestão de Pessoas com Deficiência e pela Diretoria de Inovação e Tecnologia.
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